O mistério da afogada da Lagoa Rodrigo de Freitas

Um romance policial épico? Talvez o rótulo literário seja apropriado para essa estranha e densa novela de Gilmar Duarte Rocha, de quase 600 páginas. Um livro que carrega uma trama plena de mistério (como diz o título), ação, conspiração, prescrutação e muito elemento que fará o leitor refletir sobre o processo de formação do estado republicano brasileiro. A inspiração do enredo do livro, segundo o autor, partiu de um folhetim publicado ao correr da pena pelo talentoso romancista Aluísio de Azevedo, em princípio do século XX. Aluísio publicava o folhetim em capítulos semanais, num jornal da época, e a história girava em torno do aparecimento de um defunto na cidade do Rio de Janeiro, cuja identidade a polícia da época não conseguia identificar, pois o cadáver apresentava vestígios de três sujeitos desaparecidos quase que simultaneamente e que possuíam sobrenomes bem similares: Mattos, Malta e Matta. Mas a semelhança d'O Mistério da Afogada com a obra do escritor naturalista, tirante o palco cidade do Rio de Janeiro em princípios do século XX, para por aí. A mulher que aparece boiando nas águas plácidas da famosa laguna carioca, carrega todos os mistérios do mundo e se não fosse a abnegação do jovem advogado Rodrigo Fragata, o seu amigo médico (recém-chegado da Inglaterra) Eugênio Godinho e um velho oficial reformado do exército brasileiro, um crime altamente escabroso caíria no esquecimento, pois as autoridades policiais do então Distrito Federal não tinham a menor disposição de desvelar a causa mortis daquela defunta. Mais uma obra de Gilmar com desfecho surpreendente.

O livro possui ilustrações magistrais do artista plástico Rafael Soares